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Conheça 8 artistas brasileiros da arte têxtil

De nomes como Bispo do Rosário e Sonia Gomes a novas artistas como Laura Del’Acqua, Galérica apresenta a obra e trajetória de artistas têxteis brasileiros


Nossa diversidade cultural, revelada em diversos movimentos artísticos, como a música e a dança, também se faz presente nas artes visuais. O artesanato brasileiro é um dos mais ricos e criativos do mundo: nos deparamos com uma variedade de técnicas e materiais, sem contar com a própria tradição das produções, que se diferencia a depender da região.


O trabalho artesanal, como um todo, volta a se destacar por se inserir em um tipo de economia sustentável, em que se valoriza o consumo local, feito à mão ou sob medida. As manualidades, como o bordado e o crochê, ganham cada vez mais destaque principalmente entre os jovens, que procuram cursos e maneiras de praticar ou consumir esse tipo de arte de forma cotidiana.


Para variar da pintura ou do audiovisual, vemos artistas utilizando a arte têxtil como forma de expressão, resgatando, inclusive, práticas familiares. Artistas têxteis brasileiros transformam a arte contemporânea resgatando as manualidades do artesanato e as reinserindo em museus e galerias. A arte têxtil conta histórias por meio de fios e tecidos, revelando tanto quanto as tintas e fotografias. 


Listamos aqui alguns artistas brasileiros, com diferentes estilos e propostas, que enriquecem a arte têxtil de maneira singular:


Alexandre Heberte

Artista visual, professor e pesquisador de Juazeiro do Norte, Ceará. Trabalha com tecelagem manual, tramas experimentais e performance, agregando a liberdade do movimento às estruturas que cria. Muitas vezes, visita o universo da moda. Inventor do Nó Que Dá A Volta Ao Mundo, um tipo de nó autoral, Alexandre viaja o Brasil com oficinas e exposições sobre a trama, encantando crianças e adultos por meio da experimentação e da composição coletiva. 


O corpo-tecelão (2024) para XIII Semana Dança Cariri

Foto: Rafael Monteiro/Divulgação via Instagram @alexandreheberte



André Gravatá

André Gravatá veio de uma família de costureiras e, desde muito cedo, esteve imerso na prática da costura. É educador, escritor e autor dos livros de Volta ao mundo em 13 escolas (2013), Inadiável (2017), O jogo de ler o mundo (2020), O pulo da carpa (2022) e O aniversário da terra (2022). André trabalha a união dos têxteis com as palavras na criação de poemas em bandeiras. Enquanto arte-educador, realiza em instituições culturais atividades e oficinas que investigam a pesquisa de si e do mundo por meio da memória e das palavras.


Encharcar o pensamento nas águas dos sonhos (2023)

Foto: Luciana Gerbovic/Divulgação via Instagram @andregravata



Arthur Bispo do Rosário (1911-1989)

Impossível falar em arte têxtil sem citar Bispo do Rosário. Visto como um lunático esquizofrênico no século 20, Bispo produziu objetos, brinquedos e inúmeras vestimentas que chamou de "mantos sagrados". Neles, bordou nomes, histórias e dizeres que, segundo ele, Deus sussurrava em seus ouvidos, o que o levou a ser confinado em um hospício. Mais tarde, crente de sua própria loucura, o próprio artista se prendeu em uma cela por sete anos para dedicar-se ao bordado.


Hoje, por ser uma referência na luta antimanicomial, suas produções são quase relíquias da história da arte brasileira e podem ser encontradas em exposições, bienais ou no Museu Bispo do Rosário de Arte Contemporânea, no Rio de Janeiro (RJ). Segundo o museu: "Arthur, filho de carpinteiro, tem sobrenome de batismo Bispo – cargo eclesiástico – e Rosário – padroeira dos negros. Um paradoxo que amalgama a hierarquia e a complacência da Igreja Católica presente na sua vida e obra".


Arthur Bispo do Rosário vestindo um de seus mantos. Foto: Divulgação/Museu Bispo do Rosário



Eva Soban

A artista contemporânea Eva Soban se define como designer têxtil e transita tenuamente entre a tapeçaria artística e o design decorativo, trazendo uma infinidade de fios em peças tridimensionais de diferentes modalidades: tear, macramê e crochê - levando essas práticas tradicionais para outra escala. Aos 74 anos, Eva vive e trabalha em São Paulo. Com curadoria de Xênia Bergman, a exposição que aconteceu em maio e junho de 2024 fez uma viagem no tempo, explorando a carreira de Soban como um todo.


Fez-se a Luz 7 (2021)

Foto: Manu Oristanio/Passado Composto



Laura Del'Acqua

Aos 22 anos, Laura é uma artista visual da capital de São Paulo. Nascida em um ambiente criativo, foi naturalmente atraída pelo mundo das artes visuais. Já trabalhou com pintura, cerâmica e hoje se mantém na arte têxtil. Por meio da utilização da tecelagem manual com fio de malha, Laura faz uma busca pelo que chama de "escultura têxtil". Em sua obra, procura ressignificar e sacralizar fios e barbantes, criando tapeçarias e estruturas tridimensionais capazes de interagir e criar uma relação íntima com o espectador que, por sua vez, pode circular ou acessar o interior das esculturas.


Registro performático da obra Habitar a matéria: percurso da trama (2023)

Foto: Laura Del'Acqua; Cortesia da artista



Madalena Santos Reinbolt (1919-1977)

A artista baiana Madalena Santos Reinbolt é reconhecida por seus bordados complexos feitos com centenas de linhas coloridas, compondo os chamados "quadros de lã". Sua primeira exposição individual, Uma cabeça cheia de planetas (2022-2023), realizada no MASP, reuniu 44 obras que representam a vida cotidiana no campo e na cidade, repletas de personagens negros que participam de encontros e festividades locais. Madalena deixou Vitória da Conquista (BA) por volta dos 20 anos de idade, passando pelas capitais Salvador e São Paulo, instalando-se em Petrópolis, Rio de Janeiro, onde ficou até o ano da sua morte.


Personagens e paisagens (sem data)

Imagem: Galeria Estação



Renato Dib

O designer de São Paulo expõe no Brasil desde 1996 e internacionalmente desde 2002. Trabalha com pintura, bordado, colagem e com a sobreposição de diferentes tecidos e materiais. Em sua obra, a cor vermelha e outros tons rosados prevalecem, remetendo sempre ao corpo humano (às mãos, outros membros ou até mesmo às tripas) – como nas séries Intestinal embrace e deentrâncias e Soft paintings e membranas. Suas participações artísticas mais recentes no Brasil foram De Fio A Fio – A Herança Têxtil Brasileira de 22 a 22 (2022), exposição coletiva no Museu de Arte Brasileira (MAB-FAAP), em São Paulo (SP); e Emaranhadas (2023), exposição coletiva independente na Casa Ondina, também em São Paulo (2023).


Membrana: Rachmaninov nº4 (2007)

Foto: Divulgação/Renato Dib



Sonia Gomes

Já em grande circulação no mercado da arte, talvez pouco se saiba que Sonia Gomes aprendeu cedo os princípios da costura com a avó materna. Hoje, sua obra adquiriu marca própria e é facilmente reconhecível. Já passou por museus e bienais ao redor do mundo, tendo última parada na 35ª Bienal de São Paulo e na exposição Mãos: 35 anos da Mão Afro-Brasileira do Museu de Arte Moderna (MAM-SP), ambas em cartaz no ano de 2023. Seus processos tridimensionais exploram texturas e espaços por meio de nós com tecidos e arames que se contorcem e formam estruturas abstratas orgânicas. Sua flexibilidade dá espaço para múltiplas possibilidades e interpretações. Aos 76 anos, Sonia vive e trabalha em São Paulo.


Quando o sol nascer azul (2021) da série Pano

Fotos: Mariana Mariotto/Acervo pessoal


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