top of page

Entre amigos e parentes, Marcella Vasconcellos e Thiago Rocha dão cartão de visitas

Revista Galérica acompanha o show de estreia de Marcella Vasconcellos e Thiago Rocha no Conservatório Souza Lima


Virava o tempo, saía o calor e entrava o frio; a ventania anunciava a chuva e cada um procurava um lugar para se esquentar na penúltima sexta-feira do mês de agosto. Alguns estavam nos bares, outros voltavam do Ibirapuera. Já um pequeno público se dirigia ao Conservatório Souza Lima, tradicional conservatório de quase 40 anos, localizado nas alamedas da Avenida Paulista – num ambiente meio apertado entre mesas e lanchonete. Naquele espaço, o concerto de Thiago Rocha e Marcella Vasconcellos prometia aquecer seus inúmeros parentes e amigos. O clima era bom, os artistas saíam do camarim para conversar com os pais que vieram tietá-los, tiravam fotos e pegavam suas águas. Um bom programa.


Marcella e Thiago revezavam os instrumentos durante o show

Foto: Maria Eduarda Massari



Pontualmente, quando o relógio marcou 20h, as portas do auditório foram abertas. Aqueles 78 lugares eram destinados a convidados, espectadores e a nós, da Revista Galérica, para testemunhar a apresentação do show de Marcella Vasconcellos e Thiago Rocha. O auditório retangular afunilava todos até o gargarejo do palco. Ao som de Robson Jorge e Lincoln Olivetti, nos acomodamos nas cadeiras que se apertavam entre si. Até o início do show, foram 10 minutos. Amigos se provocando e familiares com os celulares a postos, a banda foi recepcionada com aquele clássico orgulho de ver alguém que você gosta se realizar. A impressão era clara.


Tímidos cumprimentos e expectativas postas, o quinteto composto por Marcella (voz e violão), Thiago (voz e teclado), Cainã Mendonça (bateria), Fran Nogueira (contrabaixo) e Henrique Pedra (trombone) sanou a ansiedade que rondava. O set passeou entre as músicas autorais da dupla Thiago e Marcella, covers de João Donato e Vinicius de Moraes; além de participações mais do que especiais do magistral Adylson Godoy, pianista que já colaborou com Elis Regina, Clara Nunes e Jair Rodrigues. Humilde, Adylson não poupou elogios aos pupilos, destacando a habilidade da dupla e de Cainã.


Adylson parecia ter saído de uma máquina do tempo com sua classe e elegância

Foto: Maria Eduarda Massari


Thiago e Marcella apresentaram algumas músicas autorais e compartilharam o processo de composição. Ambos refletiam suas personalidades nas roupas: Marcella usava tecidos leves, que dançavam junto com sua voz doce; Thiago era mais sólido e contemporâneo, sem fugir do clássico jeans e camisa. Sentada enquanto esperava Thiago se acomodar, Marcella contou a história de algumas composições: “Uns dias a gente se sentou para compor, e o legal é que, sempre que vou compor com o Rocha, a coisa flui de maneira muito natural”,  contou. “Às vezes ele traz alguma melodia, ou eu trago alguma harmonia, e a gente começa a completar com a letra, quase como uma brincadeira. Acho que essa música reflete bem esse nosso jeito de brincar com a música e o que gostamos de fazer com ela”. Thiago também deu seus pitacos sobre uma das músicas em que toca piano – um instrumento que ele ainda está aperfeiçoando: “Eu fui compondo a música, pensando numa harmonia que eu gosto e que meu ouvido estava buscando. Às vezes, para uma música assim, o nosso ouvido pede certos lugares que precisamos explorar. E foi respeitando isso que a música foi criada.”


Marcella cantando com seu violão

Foto: Maria Eduarda Massari


Fincado na raiz da MPB, o show era executado com maestria e leveza, pincelado por alguns toques de jazz nas performances - trazidos pela maestria de Henrique no trombone -, dando uma certa imprevisibilidade ao concerto com solos e dinâmicas diferentes. Um dos destaques da noite, também, foi a cozinha (nome dado ao conjunto do baixo e bateria) composta por Cainã e Fran, deixando as músicas com um groove pulsante para quem parasse para ouvi-los; enquanto Marcella e Thiago esquiavam na base feita pelos dois.


Adylson, o convidado ilustre da noite, apareceu como se tivesse saído de uma cápsula do tempo, diretamente dos anos 60. Chegou com sua esposa ao conservatório, confundindo-se com os parentes na multidão, vestindo um estilo formal e o cabelo lambido de gel. Ao subir para tocar com a banda a canção Agora não adianta chorar, também detalhou sua história com a garotada que tocava naquele palco: “O show me arrasta para isso. Mas uma coisa que me toca muito e me preocupa é quando encontro um aluno com talento para aprender”, pontuou. “O talento é algo que você percebe logo, na primeira, segunda ou terceira aula. Assim como eu percebi a minha responsabilidade com esse aluno [Thiago], que tem potencial para fazer uma carreira. A questão é: como orientar?”


Comecei a trabalhar seriamente com ele, focando em improvisação, nas imagens e no desenvolvimento do sentido de composição. Mostrei alguns caminhos que a experiência e o trabalho proporcionam. Ele tem se esforçado muito, e começamos a trabalhar juntos. O resultado é fantástico – palmas para ele! Ele tem um grande potencial e vai chegar onde quiser. É incrível ver que ele não se limita a isso; está envolvido com faculdade, francês e outras atividades. Estamos ajustando o caminho para alcançar nossos objetivos. O caminho está aberto, e vocês podem ver isso. Depois, ele começou a acelerar ainda mais, e a responsabilidade aumentou. Mas é assim que é; todos querem tocar profissionalmente, e é uma realização incrível. Não é uma banda comum; é uma equipe extraordinária, e eu sou fã. É desafiador, mas vamos em frente! (ADYLSON GODOY)

Joca chamou atenção por suas habilidades no piano

Foto: Maria Eduarda Massari


E assim o show foi crescendo; as participações de Joca (também no piano) – amigo da banda – também trouxeram sofisticação durante a canção Varanda dos palpites com sua técnica invejável e voz potente. Para os curiosos, a banda pretende continuar ensaiando para futuros shows, como afirmou Marcella à Galérica após o show. Logo depois, ela foi cuidar de seus parentes-fãs, animadíssimos com a apresentação.


*

77 visualizações0 comentário

Commenti


bottom of page